sábado, 28 de junho de 2014

Abelhas sem ferrão - Jataí (Tetragonisca angustula)



A criação de abelhas Jataí (Tetragonisca angustula) tem se firmado como uma boa opção aos meliponicultores. A Jataí tem algumas vantagens sobre as africanizadas ou europeias, pertencentes à família Apis: é uma abelha bastante rústica, que tem grande capacidade para fazer ninhos e sobreviver em diferentes ambientes, inclusive em zonas urbanas. 

A Jataí utiliza os mais variados locais para nidificação. Isso promoveu sua adaptação, inclusive ao meio urbano, o que não ocorreu com a maioria das espécies de abelhas nativas, exclusivas nidificadoras de ocos em troncos de árvores.


Visitam plantas cultivadas e fazem os ninhos em diferentes tipos de cavidades como as de tijolos, caixas de luz, cabaças, latas abandonadas, além de ocos de árvores vivas quando em ambientes mais naturais ou arborizados. 

A facilidade que a Tetragonisca tem para ocupar lugares variados para nidificação, adaptando-se às grandes cidades, influencia positivamente o sucesso evolutivo da espécie, mesmo com os grandes desmatamentos e as queimadas constantes nas florestas naturais do Brasil.

Ocorrência


Abelha Jataí é nativa do Brasil, com ampla distribuição geográfica - é encontrada do Rio Grande do Sul até o México.

Morfologia


A Jataí possui cor amarelo-ouro e tem corbículas pretas (aparelho coletor onde o pólen é recolhido). Também, não possui ferrão. É uma abelha muito mansa, no máximo, dá uns pequenos beliscões ou gruda cerume nos intrusos quando se sente ameaçada. Essa característica permite que ela seja criada perto de casa, de pessoas e animais sem oferecer riscos de ataques. 

Ninho


O ninho construído pela Jataí é praticamente em forma de disco. Cera e resina separam o ninho como se fosse uma proteção, tanto na parte superior quanto na inferior do núcleo. A essa mistura de cera damos o nome de batume.

Os favos são construídos no sentido horizontal, em camadas sobrepostas. Quando as últimas células ainda estão com ovos na parte superior, as que estão na parte inferior arrebentam-se para conviver com as demais, tendo-se, assim, uma sequência de reprodução.


Na entrada do ninho é construído um tubo de cera, o qual é fechado durante a noite, deixando-se pequenos orifícios, como uma espécie de teia, a fim de permitir o arejamento interno.

Mel


O mel da Jataí, além de saboroso e suave, é bastante procurado por suas propriedades medicinais. É usado como fortificante e anti-inflamatório, em particular dos olhos. Além do mel, a Jataí produz própolis, cera e pólen de boa qualidade. Em comparação com as abelhas com ferrão, produz menor quantidade, mas o preço de venda é bem maior: um litro desse mel pode chegar a 100 reais.

É interessante lembrar que as abelhas armazenam separadamente o pólen e o mel em potes de tamanho semelhantes. Os potes de mel podem ser reconhecidos, porque são mais transparentes, enquanto os de pólen são opacos.


Abelhas sem ferrão - Jataí (Tetragonisca angustula)
Abelhas Sem Ferrão Jataí.
              

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Abelhas com ferrão - Abelhas Africanizadas (Africana+Europeias)

As Abelhas Africanizadas são poliibridos resultantes dos cruzamentos entre a Abelha-Africana, Apis mellifera scutellata, anteriormente classificada como Apis mellifera adansonii, e as raças europeias, Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera carnica e Apis mellifera caucasica, que foram introduzidas na América antes da chegada das africanas, em 1956. No entanto, predomina, nas Abelhas Africanizadas, as características morfológicas e comportamentais das Abelhas-Africanas.

A Abelha Africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razão da maior adaptabilidade dessa raça às condições climáticas do Brasil. É uma abelha bastante agressiva, porém, menos agressiva que Abelha-Africana. 

Além disso, tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerância a doenças e adapta-se a climas mais frios, continuando o trabalho, em temperaturas baixas, o que não ocorre com a Abelha-Europeia, que se recolhe no inverno.

Por isso, muitos apicultores preferem as Abelhas Africanizadas por serem consideradas mais resistentes a pragas e a doenças, pois sua morfologia impede, por exemplo, a fixação da praga da Varroa. 

As Africanizadas são indicadas para a produção de mel e própolis, por serem mais propolizadoras: o que antes era visto como desvantagem passou a interessar, pelo aumento do mercado da própolis. Porém, as melhores produtoras de própolis ainda são as Abelhas Caucasianas, que têm melhor desempenho na coleta de matéria-prima de melhor qualidade.

Atualmente, qualquer rainha europeia importada, já fecundada por zangões europeus, virá a ser substituída por uma de suas filhas, que, em 90% dos casos, será fecundada por zangões africanizados.

Abelhas com ferrão - Abelhas Africanizadas (Africana+Europeias)
Abelha com ferrão Africanizada.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Defensividade das abelhas


                                                  

Um dos comportamentos mais marcantes das abelhas é a defensividade. Elas respondem à ameaça da colmeia com ataques, utilizando o ferrão como arma. Quando ferroam, elas liberam um odor de alarme que atrai outras abelhas para o ataque. Esse é o maior problema para o apicultor, que deve utilizar as vestimentas e o fumegador durante o manejo, como equipamentos de segurança. Vale destacar que sem o uso de fumaça, mesmo uma boa vestimenta não será suficiente para proteger uma pessoa. O trabalho ficará inviável.

Em caso de picadas, alguns cuidados básicos são necessários. No local da picada, a pele fica avermelhada, havendo dor, em torno de dois a três minutos, formando um edema. No caso de pessoas alérgicas, a temperatura corporal se eleva e há forte coceira.

Para quem trabalha na apicultura, vale destacar que, imediatamente após a ferroada, aconselha-se lançar um pouco de fumaça sobre o local picado, para reduzir o odor de alarme exalado pelo veneno, que normalmente atrai outras abelhas para o ataque. Logo depois, deve-se extrair o ferrão, com cuidado, sem comprimi-lo, pois a compressão aumenta a injeção de veneno.

Para o tratamento da dor, recomenda-se aplicação de compressas de água fria e quente, alternadamente. Esta tem o objetivo de diminuir o edema. Normalmente, todos os sintomas desaparecem cerca de 24 horas depois. Para o caso de pessoas alérgicas, será aconselhável procurar um médico.

sábado, 14 de junho de 2014

Abelhas com ferrão - Abelha-Carnica (Apis mellifera carnica)


Abelha-Carnica produz melhor no inverno, preferindo os climas frios. No entanto, adapta-se bem a qualquer clima. É uma espécie bastante mansa e tolerante a pragas e doenças. É extremamente produtiva em relação ao mel. Quanto à própolis, é considerada pouco propolisadora. Secreta uma substância parecida com melado, chamada Honeydew. São excelentes enxameadoras. Produzem menos que as italianas, mas ainda sim são ótimas produtoras de mel.    

Ocorrência



É originária do Sudeste dos Alpes da Áustria, Nordeste da Iugoslávia e Vale do Danúbio.



Morfologia

Assemelha-se muito à Abelha-Negra, mas com o abdome cinza ou marrom.



Mel


Assim como as demais europeias, o mel da Apis mellifera carnica é bastante saboroso, com características medicinais.



Se preparando para filmar a produção de mel em Serra Preta.

Entrevista ao Apicultor Itamar




quarta-feira, 11 de junho de 2014

O correto manejo da colmeia aumenta os lucros do apicultor

O apicultor, quando bem orientado quanto as boas práticas de manejo, pode induzir a abelha rainha a botar, aumentando a postura, e seus lucros, de acordo com o desenvolvimento da colmeia


Castas e classes sociais das colmeias

Dentro de uma colmeia existem três castas distintas: rainhazangões e operárias.  Encontramos, também, outras cinco classes sociais, que são: faxineiras, nutrizesconstrutorasguardiãs e as campeiras. Nesta ordem, definem-se as seguintes funções:

Faxineiras - limpam os alvéolos e prepara-os para a nova postura da rainha.

Nutrizes - cuidam dos ovos e das larvas, e produzem grande quantidade de geleia real.


Construtoras - reformam e constroem os favos da colmeia.


Campeiras - cuidam da alimentação necessária ao bom desenvolvimento dentro da colmeia.

Campeiras - cuidam da alimentação necessária ao bom desenvolvimento dentro da colmeia.

O correto manejo da colmeia aumenta os lucros do apicultor substancialmente
Favo de Cria completo


terça-feira, 10 de junho de 2014

Serviços de polinização representam 10% do valor da produção agrícola mundial

A humanidade tem explorado colônias de abelhas produtoras de mel desde a pré-história, mas somente nos últimos anos se deu conta de que a importância desses insetos para a sua alimentação vai muito além da fabricação do poderoso adoçante natural.
– O mel é, na verdade, um subproduto pequeno quando comparado ao valor do serviço de polinização prestado pelas abelhas, que corresponde a quase 10% do valor da produção agrícola mundial – diz a professora da Universidade de São Paulo (USP) Vera Lúcia Imperatriz Fonseca.
Cientistas estimam que no ano de 2007, por exemplo, o valor global do mel exportado tenha sido de US$1,5 bilhão. Já o valor dos serviços ecossistêmicos de polinização em todo o mundo era calculado em US$ 212 bilhões. Os dados foram levantados em diversos estudos e estão reunidos no livro Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais, um dos vencedores do Prêmio Jabuti de 2013.
As verduras e frutas lideram as categorias de alimentos que necessitam de insetos para polinização; cada uma das produções tem valor estimado de 50 bilhões de euros). Em seguida vem as culturas oleaginosas, estimulantes (café e chá), amêndoas e especiarias. Em média, segundo os estudos, o valor das culturas que não dependem da polinização por insetos é de 151 bilhões de euros por ano, enquanto o das que dependem da polinização é de 761 bilhões de euros.
– Cerca de 75% da alimentação humana depende direta ou indiretamente de plantas polinizadas ou beneficiadas pela polinização animal. Dessas, 35% dependem exclusivamente de polinizadores. Nos demais casos, insetos como as abelhas ajudam a aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos – afirma Fonseca, que atualmente é professora visitante na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), no Rio Grande do Norte.
Pesquisas recentes, conta Fonseca, mostraram que mesmo culturas como a canola (polinizadas pelo vento) e a soja (considerada autofértil) produzem entre 20% e 40% a mais por hectare quando recebem apoio de colônias de abelhas da espécie Apis mellifera ou quando a plantação é feita ao lado de áreas com remanescentes de vegetação nativa.

– Quando se usam abelhas, jataí por exemplo, na polinização do morangueiro em ambientes protegidos, diminui em 70% o número de frutos malformados em alguns cultivares. Outra cultura que se beneficia da polinização em ambientes protegidos é a do tomateiro, que precisa de abelhas que vibram nas flores, como as do gênero Melipona. Em geral, as abelhas aumentam a produção de sementes, atuam na qualidade do habitat, tornam os sistemas agrícolas mais sustentáveis e trazem benefícios amplos ao meio, favorecendo outros serviços ecossistêmicos que permitem a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos – disse Fonseca.
Um estudo desenvolvido no Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa estimou que, em uma área de 2,3 hectares de cultivos de maracujá, os serviços prestados por abelhas mamangavas (Xylocopa) diminuem os custos de produção em torno de R$ 33 mil reais por hectare a cada três anos. Mas, apesar de sua importância, as mamangavas são muitas vezes mortas pelos produtores por serem consideradas agressivas, contou Silva.
Abelhas ameaçadas
Embora a demanda pelos serviços de polinização das abelhas cresça na mesma medida em que cresce a produção agrícola mundial, os habitats favoráveis à manutenção desses insetos diminuem a cada ano. Tal descompasso tem resultado em um fenômeno recente batizado pelos cientistas como desordem do colapso das colônias (CCD, na sigla em inglês).
– O aluguel de uma colônia de abelhas para fazer a polinização chega a US$ 200 nos Estados Unidos, pois os produtores sabem que o lucro gerado pelo serviço prestado será muito maior. E não há abelhas suficientes. Esta é uma tendência mundial, pois cada vez mais plantamos culturas que dependem das abelhas para sua produção – contou Fonseca.
Entre os fatores apontados como causa do desaparecimento das abelhas estão o uso inadequado de herbicidas e pesticidas, o desmatamento seguido pela ocupação do solo por extensas monoculturas e a migração de colônias para promover a polinização agrícola.

– O pesticida, quando não mata a abelha num primeiro momento, a deixa fraca e reduz o tempo da atividade forrageira (busca de alimento). Por outro lado, as abelhas têm de percorrer distâncias cada vez maiores em busca de comida quando ocorre a substituição da vegetação nativa por monocultura, pois há menor diversidade de flores. A migração de colônias, por sua vez, pode aumentar a competição por comida entre as espécies e favorecer a disseminação de doenças – explica Fonseca.